Quando em 2022, em representação da TotalMobility, acordei com o Rock in Rio Lisboa a nossa parceria no campo da Acessibilidade e Mobilidade não fazia ideia do impacto que esta parceria iria ter na minha vida profissional e pessoal.
O nome Rock in Rio impõe respeito, pelo histórico e grandiosidade que mantém ao longo de 20 anos em Portugal e trabalhar a Acessibilidade e Mobilidade num megafestival desta envergadura, que nunca tinha sido feito em Portugal, tinha tanto de assustador como de desafiante.
A edição 2022 do Rock in Rio Lisboa foi o início de uma relação incrível com os responsáveis pela Sustentabilidade e Acessibilidade do RiR.
Lembro-me da primeira reunião com o Thiago Amaral onde conversamos sobre a operação pretendida, tendo por exemplo o que já existe há alguns anos no Brasil. Apesar de um oceano a separar-nos, as sinergias, o entendimento e o querer fazer algo mágico no Rock in Rio Lisboa uniu-nos em prol de um projeto que se desenrolou de forma transparente e natural.
Pela primeira vez, no Parque da Bela Vista, o Rock in Rio Lisboa disponibilizou de forma gratuita aos seus visitantes com mobilidade condicionada, transporte adaptado, a oficina do rock para pequenos arranjos e empréstimo de produtos de apoio.
O resultado foi enorme e essa edição acabara de marcar um ponto de viragem no festival, tornando-se pioneiro na disponibilização destes serviços e demonstrando aos outros promotores de eventos desta natureza que é possível e imperativo fazer algo deste tipo nos seus eventos!
A recém terminada edição 2024, com a mudança para o Parque Tejo trouxe mais desafios e obrigou-me a adaptar a operação praticamente em todos os contextos.
Aquando da primeira visita ao parque Tejo em outubro 2023, em conjunto com a Dora Palma, constatamos que esta edição iria exigir mais de todos nós, tendo em conta os desafios para montar a operação num local novo, com condições de acessibilidade mais complexas.
Isso não me demoveu um único segundo, pelo contrário, pois sinto-me muito bem quando os desafios são maiores e aparentemente difíceis de concretizar.
Face aos resultados obtidos na edição 2022 era imperativo reforçar a equipa, as viaturas, ter mais produtos de apoio para pessoas com mobilidade condicionada permanente e inserir na operação produtos de apoio para pessoas com mobilidade condicionada temporária.
E assim foi, apresentamo-nos no Parque Tejo dias antes do início do RiR Lisboa 2024 e tínhamos à nossa espera um novo Espaço da Acessibilidade com mais do dobro das dimensões, para permitir melhores condições de trabalho para as minhas equipas e principalmente para os utilizadores que nos iriam procurar.
A ação iria desenrolar-se com 3 viaturas adaptadas para fazer transfers de pessoas que se deslocam em cadeira de rodas e uma vasta gama de produtos de apoio para empréstimos, desde cadeiras com unidades de propulsão, cadeiras de rodas elétricas, manuais e scooters de mobilidade.
Como era previsível face aos dados que possuía, a adesão e a participação de pessoas com mobilidade condicionada foi massiva logo durante o primeiro fim de semana, onde ocorreram alguns constrangimentos em termos de espaço disponível nas plataformas acessíveis, principalmente a do palco mundo. O espaço revelou-se insuficiente para albergar no mesmo espaço pessoas com mobilidade condicionada permanente, temporária e pessoas com outro tipo de condições que continham atestado médico de incapacidade, logo, legalmente, com autorização para usar esse espaço.
Rapidamente a equipa do RiR tomou a decisão de colocar uma plataforma adicional e em conjunto procedemos à alteração da forma de gestão dos acessos às mesmas, para garantir que durante o segundo fim de semana do evento esses constrangimentos não se verificassem.
Reforçamos os produtos de apoio disponíveis no recinto, colocamos na ação mais de uma dezena de novos voluntários que se juntaram aos já existentes para garantir resposta a todas as solicitações. Preparamo-nos para que ninguém ficasse sem resposta.
Assim foi, o segundo fim de semana, principalmente o dia 22, foi absolutamente histórico em termos de participação de pessoas com diversidade funcional, onde recebemos a visita de mais de uma centena de pessoas em cadeira de rodas.
As plataformas funcionaram na perfeição e a estratégia revelou-se perfeita, não tendo ocorrido qualquer tipo de problemas no acesso e manutenção das pessoas nas mesmas.
A título de exemplo, a plataforma principal acessível do palco mundo, durante o concerto da Ivete Sangalo, acolheu 65 cadeiras de rodas com os respetivos acompanhantes, num momento que jamais esquecerei.
A postura de todos os intervenientes da operação de Acessibilidade no RiR foi irrepreensível, todos deram o melhor de si em prol de um bem comum e o resultado foi simplesmente incrível. Parabéns equipa TotalMobility e TSimetria.
Os números e as estatísticas, apesar brutais e importantes, já são coisas do passado. Não são eles que ficaram retidos na minha mente e coração, mas sim os sorrisos e agradecimentos que recebemos através das centenas publicações, avaliações, vídeos e fotos das pessoas que usufruíram dos serviços prestados pela TotalMobility, TSimetria e Equipa de Sustentabilidade e Acessibilidade do Rock in Rio Lisboa.
Este resultado foi possível pois esta operação foi tratada com amor, grande exigência, rigor e determinação, algumas vezes incompreendidas, mas que sem as mesmas o resultado nunca seria o de atingir o ponto mais próximo possível da perfeição.
É desta forma que trabalho e que continuarei a lidar com os desafios que me são profissionalmente apresentados.
Obrigado, Rock in Rio Lisboa, por me permitires viver esta experiência extenuante, mas bela e sobre a qual tenho muita dificuldade em descrever por palavras.
Até breve!
Alberto Fernandes
Responsável Marketing e Relações Públicas na TotalMobility